domingo, agosto 27, 2006

Contornando a Serra

Mal me fiz à estrada, começou a chover torrencialmente. Parecia que estava à espera que eu arrumasse tudo para acontecer.
Primeira paragem do dia: Castelo Novo, a aldeia histórica mais bem localizada do país, a 3km da A23.
Deixei o carro até pé do posto de turismo, onde arranjei mais um guia e lá fui eu por aquelas ruas desta simpática aldeia, cumprimentando sempre quem passava.
Muitas casas de família, e do castelo mandado construir no reinado de D. Sancho I, só resta a Torre de Menagem que vigia toda a aldeia, e algumas parte das muralhas. No Largo Petrus Guterri, e escavada na rocha está uma Lagariça, de provável construção entre os séculos VII/VIII. De destacar o antigo hotel, edifício todo feito de pedra de 3 pisos com um grande varandim e águas furtadas.
Despeço-me se Castelo Novo sempre antes deixar de encher a garrafa no Chafariz da Bica, momento barroco com a pedra de armas de D. João V.
Aproveitando as boas estadas que existem agora na região, fui em direcção a Sortelha (foto) mais uma aldeia histórica, com vista para a Serra da Estrela. Das muralhas, também se consegue ver a Covilhã.
Por entre a vegetação, percorro uma estrada deserta sempre a subir. Acabo por chegar a uma povoação que não parece o que o folheto mostra. Sigo a indicação de castelo que me dá duas hipóteses. Opto pela direita e acabado por sair da povoação, sigo por uma estrada empedrada que me leva a um pequeno planalto descampado. O castelo aproxima-se. Deixo o carro numa das entradas e ao passar a porta deparo com um conjunto de casas em pedra escondida dentro das muralhas. Encontro o posto de turismo onde uma fria senhora de poucas palavras me fez sair dali para foram antes que alguma coisa má acontecesse, mas antes sem agarrar o guia da vila.
A visita começa nas Portas da Vila (foto), onde existe um Passo da Via-sacra. A partir daqui, somos envolvidos no ambiente urbano medieval. O percurso sobre ela Rua da Fonte até ao Largo do Pelourinho, passando por várias casas do séc. XVI. Ainda nesta rua e ao lado de uma casa com um janela manuelina, uma outra ainda mais antiga do séc. XV.
No Largo do Pelourinho (foto), existe como o nome indica um pelourinho datado do séc. XVI, a entrada para o Castelo, um passo da Via-sacra.
Continuando em direcção à Porta Nova, decido fazer o percurso por cima da muralha. Daqui de cima consigo ver toda a vila que as muralhas escondem, e o que existe do lado de foram. Dentro da muralha a Igreja Matriz ou de N. Senhora das Neves, com mais um Passo da Via-sacra. Passando a Porta Nova, chega-se à Torre do Facho e à Porta falsa de onde se tem uma vista a sobre a encosta este da Serra da Estrela e Covilhã, e uma a grande chuvada que estava para vir. Do lado de dentro a Torre Sineira (foto), e a Casa Árabe cuja denominação se deve ao facto de até há pouco tempo, se desconhecer o significado da inscrições epigráficas da ombreira da sua porta, que se atribui da ocupação árabe (séc. VIII). Hoje sabe-se que a inscrição é medieval e que significa “Jesus Ave Maria”.
Saído pela Porta Nova em direcção ao carro, o céu começou a ficar cada vez mais carregado. Últimos momentos para apreciar a vista ao pé de uma cruz de pedra e correr em direcção ao carro, porque os pingos de chuva começavam a ficar cada vez mais grossos. Último registo de Sortelha, o troço da Calçada Medieval, que percorri para chegar às muralhas. Se com todos os sistemas de amortecimento que temos agora nos automóveis, o percurso parece terrivelmente mau, o que seria no tempo das carroças…
Continuo para norte, tendo como objectivo Linhares da Beira, aldeia histórica e conhecida ultimamente pelos lançamentos de parapente. Preferi contornar a Serra da Estrela por norte do que atravessa-la. Com a A23 e a A25 tudo se torna mais simples e rápido. Uma pequena paragem em Celorico da Beira para levantar dinheiro. Utilizando a N17 comecei dirigi-me para sul a partir de Celorico.

Tinha pensado em ficar num suposto parque de campismo em Linhares, mas quando cheguei fiquei a saber que só funciona quando há parapente. Rumei a Gouveia onde fiquei no parque de campismo perto da cidade. Foi a noite onde tive mais frio, pois o ar gelado da serra descia as encostas e arrefecia tudo o que encontrava pelo caminho. A temperatura deve ter descido aos 8ºC, e eu com equipamento de campismo de Verão.

Fim do 5º Dia

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