quarta-feira, abril 05, 2006

o Antes e o Depois


Esta é a casa da minha família no Alentejo, numa terra chamada Vila Boim. Recentemente fizeram-se obras de restauro. O telhado já metia água por todos os lados, tentando com estas obras resolver problemas de humidade e isolamento. A cor da casa também mudou, porque quando a frontaria foi lavada a jacto de água com areia, para remover as inúmeras camadas de tinta, ficou-se a saber que a cor original da casa era o azul, talvez um pouco mais claro.

Disse o pintor que tradição no alto Alentejo era pintar as casas de amarelo, e no Baixo Alentejo de azul. Mas a tradição já não é o que era…
Mas resolvi voltar a este tom para dar mais nas vistas. E porque? (próximo paragrafo)

Sempre que se fazem obras numa casa, é preciso entregar na Câmara Municipal um projecto* de obras das mesmas. Como este tipo de coisas eleva tempo de dinheiro, obras deste tipo que não dão muito nas vistas (não se altera a estrutura do edifício), são feitas um pouco ilegalmente. Mas neste caso foi só recuperação, nada mais. Não deixar apodrecer e cair. Se não o fizer (projecto), e se os fiscais visitarem a obras pode-se pagar uma multa até 500. Não sei se vocês perceberam o número mas é, em termos de obras numa casa, RIDÍCULO. Porque na maior parte dos casos mais vale pagar a multa do se sujeitar as burocracias camarárias (acreditem em mim).
O largo onde está inserida esta casa tem uma igreja, logo é considerado protegido em termos arquitectónicos. Como as coisas estão em termos de multas e afins, leva a que muito ABORTOS surjam sem qualquer impunidade**, como é o caso da casa que está ao lado da minha (foto), que nada tem a ver com o Alentejo. Eu diria que 2/3 do largo está neste estado. Por isso, uma casa Alentejana tem que sobressair entre as demais, de modo a verem o que deveria ser o largo.

Mas nestas coisas há sempre um contra senso que dá tema de conversa. O pessoal que mora na vila é o principal responsável pela degradação do património. Sempre que arranjam as casas lá, deixam que ter alguma coisa a ver com o local. O pessoal de foram tenta respeitar o que encontra. Exemplo bom é a casa da direita (só se vê o rodapé amarelo nas fotos), que tem uma exemplar restauração. Lembro-me como aquilo estava, completamente degradado, e mm a cair, e como está agora.
Talvez tente explorar o tema nos meus próximos posts.

*isto pode implicar a que a contribuição autárquica suba, sem exagero, 200%.
**se para alterar profundamente a casa se paga pelas obras cerda de €20000, por exemplo, mais 500 menos 500 mais faz muitas diferenças.

3 comentários:

Anónimo disse...

Ficou muito bonita. Uma típica casa alentejana. Acho que o azul foi uma boa aposta. ;)

Beijocas

diariodebordo disse...

Fizeram um bom trabalho! Está muito bonita mesmo, ficou muito bem! :)
Pois, mas levantas uma questão interessante: odeio passar por lugares em que se vê uma casa de cada "espécie", coisas que não têm nada a ver umas com as outras, etc. E odeio saber que ainda nos nossos dias existem casas antigas a cair sem ninguem fazer nda por isso. Não valeria mto mais a pena restaurá-las?
Bjokas*

Anónimo disse...

Interessante saber dessa tradição...
Mas o sr Ricardo (ou respectiva família) prontificou-se a quebrá-la! ;o)
Mas sabes... No Baixo Alentejo vês casas de várias cores. Ora tens uma azul, logo a seguir uma amarela... E vão alterando cores e tonalidades que não deixam respeitar essa "tradição" do "amarelo no alto e azul no baixo".
Eu sou suspeita... Adoro a cor azul... Mas qualquer uma ficaria bem!
Casa restaurada... E agora?
Quanto às burocracias... No comments!!
beijocas