segunda-feira, março 13, 2006

Malveira da Serra – Cabo da Roca – Guincho

A segunda paragem de autocarro de pois da Malveira da Serra, deixou-me a poucos metros do começo da jornada. Começou logo com a ascensão à Peninha a partir da Malveira, que curiosamente tinha decidido não fazer devido aos problemas que tive a descer, mas mudei de ideias. É o caminho mais rápido para chegar à Peninha, mas a que custo?

A primeira parte desta subida é feita numa estrada de cimento, porque a inclinação impediria qualquer veículo de subir, devido à falta de tracção, acabando num conjunto de pedras típico da região. A partir daqui o percurso continua cerca de 200 metros, contornando uma vedação.
A segunda parte da subida começa depois de uma curva apertada à esquerda, para continuar a contornar a tal vedação. Quase nem se dá por ele, pois pouco parece um caminho devido à quantidade de pedras e vegetação. “As botas não foram feitas para subidas com esta inclinação,” penso” estão-me a dar cabo dos calcanhares”. Solução: dar passos mais pequenos, tendo a vantagem de me cansar menos. Ponto mais alto da vedação, viro à direita e continuo a subir por uma trilho bem definido. Ao ritmo do meu passo, passa ao meu lado direito um conjunto de pedras. Uns metros mais a cima o caminho fica mais largo, suficientemente bom para qualquer tipo de veiculo circular.
Começo a terceira parte, bom piso, excelente vista. Lá em cima a Peninha, ao meu lado esquerdo o mar. Passei por uma fonte com uma tanque, onde corre um fio de água vinda das entranhas da serra.
Mais uns metro e cheguei. Aproveito para dar uma vista de olhos a uma edificação, que me aprecia tudo menos o que realmente era, uma antiga igreja. Edifício comprido, com cerca de 20 metros, sem campanário ou suporte para sino, sem símbolo religioso (não me admira roubado). Na entrada lateral existe um nicho que se destaca na parece. Lá dentro só o que não podia ser levado ficou. As paredes e ½ dúzia de pregos. Até existiam buracos no chão onde faltavam mosaicos. Há lixo por todo o lado. A entrada principal está virada para o mar e várias lajes fazem sólidos degraus. Apesar de tudo isto, esta estrutura parece-me bastante robusta.

Objectivo do dia. Fazer um percurso, a partir da Peninha, assinalado num folheto que arranjei, que passava por um conjunto de pedras chamado “Adrenunes”.
Ao sair da igreja, ao meu lado direito, existe um muro que é ultrapassado uns metros mais à frente. A partir daqui entrasse numa densa mata serrada, onde o nem se ouvia o som dos pássaros. A inclinação era acentuada (descer), o que me impelia a ainda mais para o seu interior. Como o céu estava nublado o ambiente ainda estava mais sombrio.
A aproximação a “Adrenunes” faz-se no meio de vegetação densa e em espiral. O engraçado é que sabemos que está lá mas não conseguimos ver por causa da vegetação, sendo a surpresa ainda maior. De repente a 5 metros de distância surge na nossa frente uma estrutura de pedra que mais parece uma anta. Lá de cima vislumbra-se o cabo da Roca, Peninha e várias praias de Sintra.

Tinha ideia de regressa do cabo pelo mesmo percurso que levava lá, através da Azóia. No entanto ao caminhar pela estrada que dá acesso ao cabo, já muito perto deste, olho para a minha esquerda e vejo uma estrada uns montes a seguir que tinha a certeza que me levaria à Azóia por um caminho diferente, que ainda não conhecia. Tinha uma ideia de comer qualquer coisa no cabo, mas sem grande vontade e com mais vontade de chegar ao caminho que tinha visto, comecei a andar para sul ao longo da falésia. Nos próximos minutos, duas subidas e duas descidas violentas fizeram sentar numa pedra, sem grande vontade de me levantar. Não tenho bem a noção da distância, mas talvez se em linha recta fossem 500 metros, na realidade era 1 quilómetro.
Comecei a descer em direcção a chamada malhada do Ouriçal (malhada é o nome que se dá a uma praia de calhaus, sem areia), por um trilho bem definido mas muito mau. Passei por um ribeiro que cai sobre a malhada do Ouriçal e subi a encosta seguinte no meio da vegetação sem encontrar grandes caminhos.
Parei por várias vezes para ver se havia caminho melhor, e para recuperar o folgo. Passei para o outro lado da encosta e voltei a descer, tendo em vista um trilho que subia a próxima encosta, e que dava acesso à enseada do Assintiz. No meio de tantas plantas rasteiras, sem ter a certeza onde por os pés, lá me escorregou a bota o que me levou a minha mão a apoiar-se numa planta espinhosa, muito abundante nesta zona. O resultado foi “ai!” e uma paragem para retirar os picos que ficaram espetados na pele. No dia seguinte parecia que a minha mão esquerda tinha sarampo.
Finalmente cheguei ao topo, onde encontrei uma pedra onde me sentar. Comi qualquer coisa e fiquei aí uns bons minutos a ver o cabo e o mar. Estava ali tão bem, que não me apetecia levantar. Que paz de espíritos naquele local…

O resto da viagem correu sem grandes sobressaltos. A estada levou-me directamente à entrada da Azóia passando pelo bar “O Moinho”. Era exactamente onde queria ir ter pela terceira vez consecutiva passei pelo areal do Guincho. Com os seus típicos habitantes diurnos.

3 comentários:

diariodebordo disse...

Olha aquele lugar... boas memórias... *

Anónimo disse...

Boa noite,

Será que pode dar-me algumas dicas para eu chegar a Adrenunes?

ruigonis@hotmail.com

Obrigado

Anónimo disse...

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