segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Alte

Alte é uma aldeia no conselho de Loulé, a 7 km da A2 ou IC1. Cheguei ao fim de uma tarde cinzenta que ameaçava chuva. Um típico tempo estas regiões interiores, fazendo-me lembrar o Alentejo num dia de Inverno.

Aldeia algarvia construída numa encosta virada a sul na Serra do Caldeirão.
A Ribeira de Alte domina e dominou a sua história, sendo a água aproveitada para a rega de campos cultivados com legumes, vinhedos e laranjeiras. Nas herdades à volta e(ra) produzida aguardente de medronho, mel, queijo e doçaria.
Devido aos vários desníveis naquela zona, foram erigidos moinhos, dos quais só resta um, hoje transformado em habitação particular, na qual foram preservados os arcos por onde saia a água.
O esparto (planta selvagem) marcou durante muito tempo a vivência económica e social de toda a freguesia.
Depois de demolhado na ribeira e enxuto nas margens, era pisado durante horas por maças. Depois, as mulheres torciam-no, formando uma fina baracinha. Depois de vendido, era usado na confecção de ceirões, cabos, sacos de rede alcofas, tapetes, etc...

Ruas estreitas com curvas apertadas, casas baixas e arranjadas, marcam esta aldeia. Um bom exemplo que como bonito poderia ter sido o Algarve. O maior edifício parece-me ser a escola primária, edifício moderno com campo de jogos.

Na parte mais acima da ribeira, açudes fizeram com que se criassem espelhos de água onde patos nadam direitos à pessoas à espera que lhes dêem qualquer coisa para comer. A estes locais chamam-lhes Fonte Pequena e Grande. Na Fonte Pequena, corre com força água em três bicas, onde se pode ler por cima um verso que nos deixa com um sorriso:

"Oh fonte de água corrente"
"Todos te pedem frescura"
"Tens beijos de toda a gente"
"E não deixas de ser pura"

Na Fonte Grande, a 200 m da aldeia, aproveitou-se a encosta para fazer um anfiteatro tendo como cenário o leito da ribeira e os espelhos de água atrás do talco, tudo ao ar livre.

Mas o tesouro deste recanto (como qualquer tesouro) está bem escondido. Queda do Vigário. Só mesmo perguntando onde é se vai lá ter, apesar de estar exemplarmente bem aproveitado com um pequeno relvado e um café com explanada, que deve funcionar de Verão (caminho que começa na parte de baixo do cemitério).

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto muito dessa árvore a sair da parede!!
E aguardente de medronho é muito bom :-)))

Medronho em si já é excelente ;-) então aguardente....
Ji